Baixo Sul da Bahia: Território, Educação e Identidades

ARTISTA

Gredson Alves dos Santos, artesão

Gredson junto a suas obras em loja no Morro de São Paulo

Gredson Alves dos Santos é um artesão que desenvolve e revela suas habilidades de um jeito puro e espontâneo. Ele consegue esculpir diversos tipos de seres usando madeiras. Tudo que ele produz em madeira é uma perfeição que impressiona a todos que se depara com suas obras. Desde o seu nascimento vive no Distrito de Galeão, uma pequena vila de pescadores que basicamente sobrevivem da pesca artesanal de siri, camarão, caranguejos entre outros, que está localizada na Ilha de Tinharé, Município de Cairu-Bahia, no Baixo Sul Baiano. Sua comunidade é formada por negros, sendo recentemente reconhecida como Quilombola, composta por uma população de pouco mais de dois mil habitantes.

 

Gredson aprendeu a esculpir madeiras desde pequeno, observando e ajudando seu pai a fazer as esculturas. Aos doze anos, iniciou seu primeiro trabalho, se espelhando nos belíssimos trabalhos que seu pai realizava com a utilização dessa mesma matéria-prima. Daí por diante, suas peças foram sendo aperfeiçoadas a cada dia, com muita paciência, dedicação e determinação. Tanto na comunidade onde mora, assim como nas ilhas vizinhas, seu nome é conhecido como um artesão de muita competência.

 

A transmissão desse ofício se dá geralmente de pais para filhos, sendo considerada uma atividade cultural, transmitida de geração para geração, com saberes próprios para sua realização. O modelo de produção realizado pelo referido artesão é caracterizado como produção artesanal. É a partir desse trabalho que ele consegue manter o sustento da família, sendo este o seu único meio de sobrevivência.

 

O artesão se preocupa bastante com as questões ambientais, por isso, é ele mesmo quem vai à procura das madeiras mortas nas matas da própria localidade. Assim, ele contribui para preservar e cuidar da natureza ao seu redor, pois é nela que retira a principal matéria-prima para seu trabalho. Para Gredson, aproveitar da natureza as madeiras chamadas de mortas é uma obrigação de todo o profissional que depende dos recursos naturais para sobreviver. De acordo com o artesão, árvores mortas são criadas quando ela é atingida por um raio, exposta a períodos prolongados de seca ou quando galhos estalam devido ao vento ou cai durante fortes chuvas. Porém, quando ele tem pedidos de peças com tamanhos maiores, é preciso fazer a compra da matéria-prima em madeireiras de cidades vizinhas, como por exemplo, em Valença/Ba.

 

Suas obras não tem um significado único, estão sempre relacionados com gostos, desejos e sentimentos que os clientes almejam:

 

Muitos clientes querem produzir algo imaginário, algo que ainda não existe, então eles me falam a ideia e eu tento produzir como eles querem. Caso não saia como os fregueses pediram, eles não levam o produto e nem pagam, o meu lema é satisfazer o anseio do cliente sempre, como tenho muita habilidade com desenho, isso me ajuda muito na hora de produzir as peças.” (Gredison Alves, entrevista concedida à autora).

 

A produção das obras acontece durante todo o ano, porém os pedidos aumentam principalmente nos meses de setembro a fevereiro, uma vez que é nesse período que a região recebe uma quantidade bem significativa de turistas, vindos de vários estados do Brasil e até mesmo de outros países. Além desses clientes, ele entrega constantemente produtos para a Loja Maré Alta em Morro de São Paulo, Cairu/Bahia.

 

 

Por: Joelma das Virgens Santos (pedagoga, especialista em Educação Infantil, Pós-graduanda em Relações Étnico-Raciais e Cultura Afro-Brasileira na Educação, (IF Baiano) e docente na Secretaria de Educação de Cairu (BA).

 

Quer saber mais?

 

SANTOS, Joelma das Virgens dos. ENTREVISTA: Gredson Alves. 2020. Trabalho apresentado para requisito parcial para aprovação na Disciplina Artes Negras da Especialização Lato Sensu em Relações Étnico Raciais e Cultura Afro-Brasileira na Educação, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IF Baiano), Campus Valença.