Baixo Sul da Bahia: Território, Educação e Identidades

Desembarque de africanos escravizados

Com a proibição do tráfico transatlântico de africanos escravizados, em 1831, novas alternativas foram criadas para que se continuasse com tal prática. Outras rotas, com novos lugares de desembarque mais afastados dos portos principais, foram criadas para que fosse possível a escravização de africanos na Bahia e no Brasil.

 

A costa sul baiana se encaixava nos requisitos necessários para a continuidade do tráfico transatlântico. Suas águas navegáveis favoreciam a comunicação com os principais centros econômicos da Colônia e do Império; seus rios suportavam a passagem de grandes embarcações e permitia o acesso ao Recôncavo e sertões baianos pelo continente. O farol do Morro de São Paulo, situado no arquipélago de Tinharé, era uma importante referência para uma correta direção das viagens dos navegantes. Além disso, o território já tinha rotas comerciais para a região do Congo, criadas para o comércio do zimbo (concha usada como moeda em operações escravistas, explorada em praias de Cairu). No Baixo Sul, havia portos naturais próximos, ilhas, canais e barras que ajudavam nas fugas da fiscalização. Na região se produzia gêneros de abastecimento indispensáveis às viagens, como a farinha de mandioca. A mata densa oferecia madeiras de lei para a manutenção de navios em estaleiros locais, com mão de obra experiente e barata. As florestas também serviam de esconderijos seguros para os desembarcados. Por fim, a costa era pouco policiada e o tráfico ilegal de cativos contava com a conivência da população e das autoridades locais.

 

Nessas condições, o tráfico ilegal prosseguiu com sucesso no Baixo Sul, nas seguintes localidades:

 

Barra Grande, na Baía de Camamu (praias de Taipús e Campinho)

Praia de Taipús

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Campinho

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Porto de Quitungo, na atual Península de Maraú

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Cassange (litoral de Maraú)

Lagoa e praia de Cassange (Maraú) Link

 

Barra dos Carvalhos (Pontinha), em Nilo Peçanha

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Barra do Serinhaém, em Ituberá

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Mamoan, praia ao norte de Ilhéus

 

Por: Nelma Barbosa, artista plástica, doutora em Estudos Étnicos e Africanos, docente do IF Baiano Campus Valença.

 

Quer saber mais?

 

Passeio Virtual no Porto de Campinho, Península de Maraú, Bahia

 

Passeio Virtual na Lagoa do Cassange, Península de Maraú, Bahia, Brasil

 

Pesca de calão em Mamoan, Ilhéus-BA

 

PRAIA MAIS BONITA DA BAHIA: Conheça a Taipu de Fora – Barra Grande – Maraú/BA

 

SANTOS, Cristiane Batista da Silva. A África Central e os Lugares de Memória do Tráfico Atlântico na Costa de Maraú: etnônimos, etnicidade e diáspora. Sankofa (São Paulo) , v. 6, n. 10, p. 63-95, 6 jan. 2013;

 

SANTOS, Silvana Andrade dos. Nestas costas tão largas: o tráfico transatlântico de escravizados e a dinamização de economias regionais no Brasil (c. 1831 – c. 1850). Revista de História (São Paulo), n.177, 2018;

 

SANTOS, Silvana Andrade. Nos terrenos arenosos e no infame comércio: os desdobramentos do fim da escravidão em Valença (Bahia, 1831-1866). Dissertação (mestrado em História) – Universidade Federal Fluminense. Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Niterói – RJ, 2016.

 

SILVA, Ricardo Tadeu Caires. Memórias do tráfico ilegal de escravos nas Ações de Liberdade: Bahia, 1885-1888. Afro-Ásia, n. 35, p. 37-82, 2007.