Baixo Sul da Bahia: Território, Educação e Identidades

Cairu

Ilha de Cairu

O município de Cairu é um dos mais antigos do Brasil. É formado por 26 ilhas. As mais conhecidas são: Ilha de Cairu (sede), Ilha de Tinharé e Ilha de Boipeba. Nelas estão localizadas praias famosas, como Morro de São Paulo, Gamboa, Boipeba, Moreré, Garapuá e São Sebastião, também conhecida como Cova de Onça.

 

Cairu tem como municípios vizinhos Taperoá, Nilo Peçanha e Valença. Este último, o maior da região, funciona como polo de comércio fornecedor das ilhas, ponto de embarque/desembarque de passageiros e turistas. Podemos, ainda, acrescentar que Cairu é um município com vasta riqueza quanto aos aspectos históricos, socioeconômicos e naturais.

 

Ilha de Tinharé (Foto: TripAdvisor)

 

Ilha de Boipeba (Foto: MondayFeelings)

 

A cidade de Cairu apresenta dois sítios históricos e naturais, definidos pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia – IPAC: o Centro Histórico da Cidade de Cairu e o Morro de São Paulo, chamado de Fortaleza de Tapirandú (O Forte), Farol do Morro e a Igreja Nossa Senhora da Luz. A localidade do Morro de São Paulo é conhecida como um dos maiores destinos turísticos do Brasil. É bom frisar que o município apresenta mais 14 monumentos históricos espalhados pela sua área geográfica.

 

O nome Cairu é indígena e deriva da palavra Aracajuru. Na língua indígena Tupi Guarani quer dizer “Casa do sol”. Nome que faz jus aos aspectos naturais de suas 26 ilhas. A população originária era composta por indígenas Aimorés e Tupiniquins. Além dos indígenas, os negros africanos e seus descendentes foram muito importantes no processo de formação da população, tanto que a comunidade cairuense é hoje predominantemente negra.

 

Merece destacar que os núcleos populacionais no município de Cairu começaram a ter fluxos a partir de 1759, por conta das ações dos bandeirantes contra os indígenas. Ainda em relação aos aspectos da historiografia do município, no dia 16 de agosto de 1608 a cidade de Cairu foi elevada ao nome de Vila de Nossa Senhora do Rosário de Cairu, colônia muito importante de Portugal. Ainda em 1608, foi desmembrada da Capitania de São Jorge dos Ilhéus. Cabe salientar que somente em 1938 a então Vila de Cairu passou a ser considerada cidade, a partir do Decreto-Lei Estadual em 30 de março de 1938. e então foi subdividido em 04 distritos: Cairu (sede), Galeão, Gamboa e Velha Boipeba.

 

Para Virgens (2010) e Moutinho (2005), a historiografia de Cairu se projeto no cenário nacional. Na primeira metade do século XVIII, a então Vila de Nossa Senhora do Rosário de Cairu sofreu a exploração da vegetação da Mata Atlântica, através do emprego da mão de obra dos indígenas e africanos trazidos dos engenhos de açúcar das redondezas. E com o processo do desmatamento, dão origem a esses espaços o plantio e a produção de mandioca na região. Por muito tempo a Vila de Cairu alimentou a cidade de Lisboa, enviando produtos de subsistência, pois a metrópole se recuperava de um grande terremoto, ocorrido em 1756.

 

A Vila de Cairu tinha um grande engenho de açúcar. O proprietário era Antônio de Couros, senhor de engenho em Cairu. Era o maior engenho de cana da Capitania de Ilhéus e um dos maiores da Bahia, consequentemente, detinha um grande número de pessoas escravizadas no município. Naquela época se deu o surgimento de quilombos na região do município de Cairu originando lugares como Galeão, Batateiras, Cajazeiras, Rua do Fogo, Prata, Cova de Onça e Torrinhas, comunidades remanescentes quilombolas reconhecidas atualmente.

 

Além do trabalho escravo no engenho de açúcar e no corte da madeira, no plantio da mandioca e na produção da farinha, deu-se em 1631, a construção da Fortaleza do Morro de São Paulo. Uma construção secular, feita do trabalho braçal de negros e indígenas escravizados. Essa construção tinha o objetivo de proteger a ilha das invasões francesas que infestavam o litoral brasileiro, principalmente após a ocupação holandesa em Pernambuco.

 

Atualmente, o município tem uma extensão territorial de 448,818 km² e está localizado na zona litorânea do estado da Bahia. É o terceiro destino turístico mais procurado na Bahia. Quanto à população, a projeção para o ano de 2019 foi de 18.176 habitantes, segundo o IBGE. Mas em termos concretos, o verificado no último levantamento/censo populacional, no ano de 2010, é que do total de 15.374 habitantes, 2.383 é de brancos, 2.383 pretos, 331 amarelos, 9.824 pardos e por último, 19 indígenas.

 

Por: Joilson Batista, professor de Geografia, mestre em Gestão e Tecnologias Aplicadas à Educação (UNEB), é docente da Secretaria Municipal de Educação de Cairu.

 

Quer saber mais?

 

IBGE | Cidades@ | Bahia | Cairu | Panorama

 

MOUTINHO, Augusto César Machado. A sombra da guerra: o medo e a sobrevivência em um povoado baiano durante a Segunda Guerra Mundial. Salvador: Quarteto, 2005.

 

SÃO PEDRO, Joilson Batista de. Ateliês Formativos da Lei n 10.639/2003: o que revelam as narrativas dos professores da Educação de Jovens e Adultos de uma escola pública do município de Cairu-BA. Dissertação (Mestrado Profissional) – Gestão e Tecnologias Aplicadas à Educação, Universidade do Estado da Bahia, 2020. Salvador.

 

VIRGENS, Daniela Araújo. Turismo e transformações socioespaciais: o caso do município de Cairu–Bahia. Dissertação (mestrado) – Geografia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, 2010. Salvador.