A trajetória de Adriano Fonseca, no Baixo Sul da Bahia, é muito antiga, apesar dele não ter nascido na região. O artista nasceu em 14 de dezembro de 1982, na cidade de Salvador/BA. É filho único, pertencente a uma família humilde do Arraial do Retiro, bairro periférico da capital baiana. Lá, seu pai (que migrou de Valença/BA) trabalhou muitos anos como soldador industrial. Sua mãe, apesar do talento de artesã, possuía uma jornada dupla de trabalho, além de ser dona de casa, tinha que prestar serviços de domésticas nas casas alheias para ajudar na manutenção das despesas. Atualmente, ela trabalha como artesão.

Aos dois anos de idade, Adriano foi levado pelos seus pais para conhecer uma parte da família paterna, residente na zona rural de Valença, de onde seu pai saiu muito cedo para trabalhar. O menino sempre passava as férias escolares na região, reforçando a conexão com o lugar.

Durante seu processo de escolarização, Adriano teve uma oportunidade que muitos de seus colegas não tiveram: frequentar a escola do SESI, uma unidade conveniada ao setor industrial que permitia a matrícula de filhos dos operários do setor. Nesse espaço, ele teve uma boa base de escolaridade no ensino fundamental, bem diferente do que seus amigos e vizinhos periféricos tiveram. Após essa experiência, fez o ensino médio numa escola da rede pública estadual, onde concluiu a sua formação geral.

Com as oportunidades que teve, e com muito esforço, ingressou em 2004, na turma de Licenciatura em Desenho e Plástica da Escola de Belas Artes, da Universidade Federal da Bahia. No ano de 2006, teve uma nova descoberta na universidade ao cursar o componente curricular Gravura I: a xilogravura. Destacou-se na turma por seu talento e habilidade técnica, o que valeu o convite para a monitoria da disciplina. Adriano ficou dois semestres nessa função, frequentando o ateliê até o cumprimento dos demais créditos para a conclusão do curso.

O artista destaca que aquele foi um ano de muitas experimentações com a xilogravura, técnica que o atraiu e até hoje se dedica a estudar. No início, os trabalhos seguiam uma linha mais abstrata, ou seja, ele estava mais interessado na materialidade da técnica. As suas investigações visuais geravam trabalhos com uma estética geométrica que remetia aos padrões indígenas e africanos.

Licenciado, foi aprovado em 2010, no concurso público para o magistério do estado da Bahia e assumiu o trabalho no Colégio Estadual Maria Xavier de Andrade Reis, em Presidente Tancredo Neves, sua residência desde 2011. Logo depois, Adriano Fonseca tornou-se Mestre em Artes pela Universidade Federal da Bahia.

Embora venha fazendo educação de qualidade enquanto arte-educador e artista visual, a sua identidade artística continua o alvo de sua busca. Recentemente, o artista tem experimentado mais técnicas bidimensionais, além de divulgar e comercializar alguns trabalhos através da página @liberino_arte no Instagram. O termo “liberino” faz referência à expressão “Tabuleiro de Liberina”, nome pelo qual se conhecia o município de Presidente Tancredo Neves nos anos 1940. Essa cidade teve início de seu povoamento nas margens da estrada que ligava as propriedades rurais à cidade de Valença, Nazaré e Aratuípe, antes da construção da BR-101. Ali havia a barraca de palha (o tabuleiro) de “dona Liberina”, que vendia alimentos e bebidas aos tropeiros que transportavam cargas nos animais que por lá transitavam. Porém, esse povoado pertencia oficialmente ao município de Valença e tinha o nome de Itabaína, que em tupi significa rama sobre pedras ( Ita = rama e Baina = pedra).

Por: Juvenicio Jesus dos Santos (Pedagogo (UNEB), Pós-Graduando em Relações Étnico-Raciais e Cultura Afro-brasileira na Educação (IF Baiano) e Mestrando em Educação Científica Inclusão e Diversidade (UFRB); Coordenador Pedagógico em Teolândia (Secretaria de Educação do Estado da Bahia).

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FONSECA, Adriano. Instagram: @liberino_artes. disponível em: https://www.instagram.com/liberino_arte/

FONSECA, Adriano. Facebook. Disponível em: https://www.facebook.com/profile.php?id=100009732409068&sk=about

SANTOS, Juvenicio Jesus. ENTREVISTA: Adriano Fonseca. 2020. Trabalho apresentado para requisito parcial para aprovação na Disciplina Artes Negras da Especialização Lato Sensu em Relações Étnico Raciais e Cultura Afro-Brasileira, Campus – Valença, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano.