A cidade de Valença, localizada no Território de Identidade do Baixo Sul, está a 270 km da capital baiana, ao sul. Com uma população estimada em 97.233 (IBGE, 2020) habitantes e uma área territorial de 1.123.975 km2 (IBGE, 2019).
O território do atual município de Valença era habitado por Tupiniquins, como aliás, todo o território brasileiro foi anteriormente habitado por povos originários de diversas denominações. Com a chegada dos portugueses no Brasil e sua posterior divisão em Capitanias Hereditárias essas terras ficaram pertencendo à Capitania de São Jorge dos Ilhéus, sendo situadas nas proximidades da linha que dividia as Capitanias de Ilhéus e a da Bahia. O estabelecimento do engenho de açúcar localizado às margens do Rio Una, assinala a introdução de negros africanos nestas terras. Hoje é possível notar que a presença negra em Valença deixou marcas profundas na composição étnica e cultural de sua população.
O antigo povoado do Amparo, desenvolvido às margens do Rio Una, foi elevado, em 1799, à categoria de vila com o nome de Vila de Valença¹. A vila apresentava sinais visíveis de ascensão e, então, em 1801, foi criada a freguesia do Santíssimo Coração de Jesus, porém, foi em 1849 que a sede municipal recebeu o foro de cidade, sob a denominação de Industrial Cidade de Valença. O adjetivo industrial, foi devido a construção da fábrica de tecido que havia se iniciado desde o ano de 1844, e que, dessa forma, inseriu Valença no quadro industrial da Bahia, tendo seu desenvolvimento e evolução sido embalado por ele.
Entretanto, a diversidade econômica é uma das características da cidade. Ao lado do seu potencial industrial – marcante no século XIX – o território de Valença é rico em florestas cujas madeiras são utilizadas para a construção e fins industriais. Salienta-se a produção da palmeira do dendê e a extração do seu azeite; a abundância de piaçava e a atividade pesqueira. Atualmente, o município tem como principais práticas econômicas a agricultura, pesca, maricultura, indústria têxtil, comércio, serviços imobiliários e turismo. As diversas atividades desenvolvidas nos remetem aos universos socioculturais nos quais foram forjados e abrem diversas possibilidades de se descortinar a identidade e a memória do povo de Valença.
¹ Alguns autores trazem o nome do povoado como Povoado de Una e após a elevação à vila, o nome de Nova Valença do Santíssimo Coração de Jesus – ver: FERREIRA, Jurandir Pires. Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, Rio de Janeiro, 1958.
Por: Indinéia Ramos Paixão, docente de História no IF Baiano, Campus Valença, mestra em Ensino de História (PROFHISTORIA/UNEB).
EPIFANIA, Anderson Gomes . Do “paraíso” às “facilidades ‘: o cotidiano, o planejamento e a polifonia dos espaços turísticos em Valença – Bahia. In: Anais do Encuentro de Geógrafos da América Latina. Lima (Peru), 2013.
FERREIRA, Jurandir Pires. Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, Rio de Janeiro, 1958.
NASCIMENTO, Moisés Santos do. Memórias: Origens do bairro do Tento a partir da memória de seus antigos moradores. In: 16º. Congresso Nacional de Iniciação Científica / SEMESP. Disponível em: https://conic-semesp.org.br/anais/files/2016/trabalho-1000023033.pdf
OLIVEIRA, Edgar Otacílio S. Valença: Dos primórdios à contemporaneidade. 2ª ed., Valença, 2009
OLIVEIRA, Waldir Freitas. A Industrial Cidade de Valença: Um surto de industrialização na Bahia no Século XIX. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 1985.
PAIXÃO, Neli Ramos. Ao soar do apito da fábrica: idas e vindas de operárias(os) têxteis em Valença-Bahia (1950-1980). Dissertação (Mestrado em História). FFCH-UFBA, Salvador, 2006.
Projeto conduzido pelo Grupo de Pesquisa NEABI do IF Baiano (CNPq), sob coordenação das docentes Dra. Nelma Barbosa e Ma. Scyla Pimenta, no âmbito do curso de Especialização em Relações Étnico-Raciais e Cultura Afro-brasileira na Educação (REAFRO) e do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (IF Baiano Campus Valença).
Contato: nelma.barbosa@ifbaiano.edu.br