Baixo Sul da Bahia: Território, Educação e Identidades

Pedra do Índio (Valença-Ba)

Distante 8 quilômetros do centro de Valença, a Pedra do Índio está localizada à margem esquerda do rio Piau, na altura da Fazenda Itaúna, que fica no distrito do Guerém, na região da Aldeia de São Fidélis. Segundo moradores e os poucos registros históricos, o local pertencia à nação indígena Aimoré. Os Aimorés eram os povos tradicionais que habitavam toda a região da cidade de Valença, com muitos indivíduos e grande aldeamento onde hoje está localizada a igreja do Amparo. A própria Aldeia de São Fidélis surgiu a partir da transferência dos indivíduos que estavam nesse local.

 

A Pedra do Índio permanece rodeada de mistérios e segue sem ser estudada. O acesso é feito por trilhas pela Mata Atlântica, passando pela comunidade Sobradinho até chegar às corredeiras do rio Piau, o mesmo que forma o rio Una que divide Valença em Centro e São Félix.

 

Lia Barth, proprietária da fazenda Itaúna, explica que a Pedra do Índio só pode ser vista quando o nível do rio está baixo, pois a mesma fica dentro d`água, nas corredeiras.

 

São três grandes riscos na superfície da rocha que, segundo Lia e os moradores mais antigos da comunidade do Sobradinho, eram usados para amolar as pontas das ferramentas de caça utilizadas pelos Aimorés.

 

Zacarias dos Santos, morador da comunidade Guacira há 45 anos, conta que a Pedra do Índio ainda é referência para os pescadores da localidade pois é onde “a água do rio fica mais forte”, no entanto, quando perguntado sobre a história daquele local, ele tem pouca informação. Só desconfia de que “era onde os índios moravam”.

 

Ouvi falar sobre a Pedra do Índio ainda muito jovem pois me interessava pela história local, no entanto, a conheci de forma despretensiosa durante a gravação do vídeo sobre a Fazenda Itaúna em 20 de maio de 2021. Confesso que fiquei intrigado com o local, além de ter sido fascinante encontrá-la porque não sabíamos a sua localização exata. Ainda lembro do grito do Rafael Menezes dentro da mata quando a avistou, “achei!”. Pelo visto, fazia muito tempo que ninguém a visitava, pois estava coberta pela vegetação seca e alguns galhos, talvez carregados pela forte correnteza. Ainda tinha um pouco de água ao seu redor, o que significa que o nível do rio Piau estava alto. Sorte nossa que pudemos encontrá-la e fazer o primeiro registro em vídeo da misteriosa Pedra do Índio.

 

Por: João Barreto Júnior, pós-graduando em Meio Ambiente e Agroecologia pelo IF Baiano, especialista em Cidades Inteligentes pela UNOPAR e graduado em Jornalismo pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

 

Quer saber mais?

 

ROTAS ALTERNATIVAS Fazenda Itaúna, Valença – Bahia

 

ETCHEVARNE, Carlos e PIMENTEL, Rita (orgs.). Patrimônio Arqueológico da Bahia. Salvador: SEI, 2011. Disponível em: http://bahiaarqueologica.ufba.br/wp-content/uploads/2013/09/SEP88.pdf

 

FLORIPA ARQUEOLÓGICA. Oficinas Líticas. Florianópolis, 2023. Disponível em: https://floripaarqueologica.com.br/sitios-arqueologicos-em-floripa/oficinas-liticas/

 

MOTT, Luiz. Os índios do sul da Bahia: população, economia e sociedade (1740-1854). In: MOTT, Luiz. Bahia: inquisição e sociedade [online]. Salvador: EDUFBA, 2010. Disponível em: https://books.scielo.org/id/yn/pdf/mott-9788523208905-10.pdf